Solidão - Essa Companheira

A importância de aprendermos a conviver com nossos momentos de solidão.

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Solidão - Essa Companheira

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.  

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

Que rio e danço e invento exclamações alegres,

Porque a ausência, essa ausência assimilada,

Ninguém a rouba mais de mim.!” (Drummond)

Lendo esses versos de Drummond, me pus a pensar a respeito da solidão. Pensei que a noite e a solidão são muito parecidas. Quanto maior a solidão maior os silêncios em nossa alma. Quanto mais noite adentro, maiores os silêncios da alma do mundo. Cheguei à conclusão que é por isso que amo a noite: ela é silenciosa como a solidão!!!!

Não estou me referindo à solidão dor, doença, sofrimento... Esta é apenas para quem não sabe conhece-la, vive-la e respeita-la. Estou referindo-me aqui a solidão sossego, solidão calma, conforto, solidão essência, solidão “eu mesma”...

A solidão triste é fantasiosa. É aquela na qual você começa a imaginar o que o resto do mundo está fazendo, se alguém está se lembrando de você... e nestes sonhos, todos sempre se divertem muito, e ninguém se lembra de você, aí vem o sofrimento.

A solidão feliz é aquela que te transforma em poeta, a que faz com que encontre a verdadeira comunhão consigo mesmo, é o momento de olharmos para nossos lugares mais profundos.

Na solidão, como no silêncio que a acompanha, podemos ver coisas para as quais estávamos cegos, ouvir vozes para as quais os falatórios haviam nos ensurdecido, viver nossas próprias sensações...

Portanto, prefiro a solidão amiga, autentica e feliz, a viver rodeado de pessoas, barulhos e risos apenas para fugir de mim mesmo, apenas pelo medo do encontro com minhas emoções mais puras. Prefiro o crescimento que posso encontrar na solidão, do que os encontros vazios e fúteis. 

Já perceberam que as grandes obras de arte, expressões profundas da alma nascem em momentos de isolamento, momentos de solidão: quadros, livros, poemas, músicas... Até mesmo os amores, quando queremos fortalecer um relacionamento precisamos de momentos a sós com a pessoa amada, para que a inspiração advinda deste momento preservado de outros barulhos e de outras visões nos permita a entrega total. 

É importantíssimo aprendermos a conviver com a solidão, até para conseguirmos aceitar e conviver com nossas diferenças, caso contrário não poderemos assumir nossa própria personalidade. Seremos eternos adolescentes com necessidade de turmas que se vestem, falam e pensam igualmente. Assumir a nossa personalidade significa assumir nossa solidão, perceber que somos seres únicos e exclusivos. E no meu modo de pensar essa é a verdadeira beleza do ser humano.

Espero que entendam, não quero dizer com isso que o ser humano deva se isolar do mundo. Sei que o ser humano é sociável. Eu sou, e jamais conseguiria viver sem as pessoas a quem amo, minha família de sangue, e a família de amigos com que fui presenteada por Deus, as pessoas que me encontro para discutir a psicologia que tanto amo, pessoas que dividem mergulhos, viagens, botecos, gargalhadas...

Quero a vida plena de prazeres e companhias prazerosas, mas também quero a benção dos meus momentos de solidão.

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

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