Reverência Ao Calor Humano

Em uma época de tantas tecnologias para as comunicações e as pessoas tão distantes e frias umas com as outras.

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Reverência Ao Calor Humano

Fiquei eu, pensando em toda correria da vida moderna, na qual, a maioria das pessoas mal tem tempo para pensar em si próprias, quanto mais nos outros.

A correria da vida moderna faz com que as pessoas girem em um ritmo mais acelerado do que gostariam. Elas acabam negligenciando a formação de sua estrutura psicológica. Os prazeres intelectuais, a convivência social, os passatempos, as diversões, a espiritualidade, tão necessários à saúde mental, acabam esquecidos, ou relegados a um segundo plano.

É um tempo de tecnologias que afastam cada vez mais o ser humano de seu contato consigo mesmo e com o mundo. Eu gosto das “modernidades”, mas sempre tenho medo de tudo que é excessivo.

Em outras épocas ouvia-se menos falar em depressões, ansiedades, síndromes...

Vamos viajar no tempo? 

Pensem em uma época na qual não existia luz elétrica... as famílias, os casais reuniam-se na penumbra e ficavam juntos, verdadeiramente juntos, conversando, pensando, olhando as estrelas, mas juntos!!! Quando fazia mais frio, existiam as reuniões cheias de calor humano ao redor dos fantásticos fogões a lenha.  

Hoje ligam os “maravilhosos” aparelhos televisores e, todos hipnotizados, se relacionam individualmente, com estas maquinas, se esquecem totalmente que existem outras pessoas ao seu lado, isso quando não está cada um seu quarto, isolado, em sua intimidade com seu programa ou apresentador preferido.

Hoje as pessoas estão extasiadas a frente de seus computadores, conversando com fantasmas, com pessoas das quais não sabem a idade, o sexo e nem se o nome é verdadeiro. Conversam com suas próprias fantasias, enquanto as pessoas próximas estão do outro lado da parede sentindo-se tristes e solitárias.

Hoje em dia é possível que à mesa, na hora de uma refeição (momento sagrado de grandes trocas) alguém esteja falando ao celular, enquanto o outro que está a sua frente não consegue ser ouvido, e muitas vezes almoça sozinho.

Será que estão com medo dos relacionamentos?

Já perceberam, com certeza, como os jovens tem medo de um relacionamento mais estável: “_ Namorar nem pensar! Só estamos ficando!!!”. E para evitar algum sentimento mais profundo “e perigoso”, é melhor, segundo eles, ficar com um hoje, outro amanhã, e depois de amanhã só Deus sabe!!! Telefonar no dia seguinte nem pensar, “é careta”.

Pois é, em uma época em que as comunicações são tão facilitadas e estimuladas, numa época de superpopulação (filas, congestionamentos, lugares lotados), numa época de amores possíveis e livres, estamos todos morrendo de solidão.

Lembrei-me de um poema de Cassiano Ricardo:

Por que tenho saudade

 de você, no retrato,

 ainda que o mais recente?

E por que um simples retrato,

mais que você, me comove,

se você mesma está presente?

Com tudo isso, é muito gostoso saber que no mundo moderno ainda é possível ter reverência pelo próximo. 

No reino das flores Deus é uma flor, no reino dos pássaros Deus é um pássaro... Temos que tomar cuidado para que no reino dos homens Deus não se torne um robô. Será que com o excesso de convivência com as máquinas não estamos perdendo nossa essência? Temos que tomar cuidado para que nós não tenhamos a tendência a nos transformarmos em máquinas frias, perfeitas e sem sentimentos.

Quero fazer um convite a todos vocês: Vamos incendiar os nossos corações. Vamos levar fogões à lenha e lareiras para os nossos relacionamentos. Vamos levar calor humano para as pessoas que encontrarmos. Vamos deixar os nossos sentimentos derramarem. Vamos dar um simples sorriso para alguém que passa na rua. Um olhar. Um aperto de mão. Um abraço. Chegar perto. Deixar rolar uma lagrima, de alegria ou tristeza. Não tenhamos vergonha de nossos sentimentos. Não tenhamos medo da proximidade com o outro. Vamos guardar um tempo para nós e para as pessoas que amamos, para que nem nós adoeçamos e nem elas. Vamos repensar os nossos relacionamentos, principalmente com nós mesmos. Vamos reservar um tempo para nossos relacionamentos e pensamentos reais. Vamos olhar com amor o mundo, as pessoas, as flores, os pássaros, as árvores. Vamos reverenciar ao que é belo: todos os deuses e todos os reinos. E assim reverenciar ao nosso mundo e ao nosso Deus.

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

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