Sobre o Transtorno do Pânico
Um monstro, popularmente chamado de Pânico, Síndrome do Pânico...ou pelos protocolos da saúde: Transtorno do Pânico.

O Transtorno do Pânico, como vem sendo descrito pela psiquiatria contemporânea no DSM (Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais) e no CID -10 (Código Internacional de Doenças e problemas relacionados à saúde).
Apesar de ser reconhecido oficialmente em 1980, em 1895 Freud já falava sobre “Neurose de Angústia”, com um quadro que descreve os mesmos sintomas físicos e o mesmo sofrimento emocional intenso.
As crises chegam repentinamente, com a sensação terrorífica de uma catástrofe eminente, trazendo sintomas como: tremores, sudorese, taquicardia, falta de ar, náuseas, dor de estômago, vertigem, desrealização, despersonalização, ondas de calor ou calafrios, parestesia, formigamento, etc...e a necessidade de fugir. Tudo isso, sem uma causa concreta aparente.
Para reduzir a angústia busca-se uma justificativa. Essa se faz sobre ameaças terríveis, mas imaginárias: medo de enlouquecer, medo de morrer...
O Pânico é uma ansiedade generalizada. Uma ansiedade em relação ao que sente em seu próprio corpo, gerando essa grande angústia.
Diferente das fobias, que sugerem os perigos vindo de fora, uma das principais características desse transtorno é o fato de o perigo vir de dentro. E apesar disso, ainda assim, é sentido como alheio e desconexo às próprias emoções e vivências.
A Psicanálise, entretanto, busca um significado psíquico para esse sofrimento. Acredita-se que a base para essa desestruturação emocional esteja no desamparo.
Todos nós nascemos realmente desamparados. O bebê é muito frágil e impotente, necessitando de todo acolhimento e cuidado, como condição de sobrevivência e desenvolvimento. Esse momento é sentido, por cada um, de acordo com suas vivências e capacidade interna de tolerar.
O Pânico, nada mais é, do que a percepção desse desamparo e da impossibilidade de tolerá-lo ou subjetivá-lo.
Sob o ponto de vista psicanalítico, a motivação básica do Pânico é a perda do ideal protetor, ou o medo da perda do amor.
Nós somos seres desamparados. Não temos garantia de nada sobre a vida ou a morte. Mas, apesar de podermos morrer a qualquer momento, temos que viver cotidianamente, incorporando os riscos envolvidos neste movimento.
Só que, o ego imaturo busca um ideal protetor onipotente, busca garantias e estabilidade do mundo. Acreditam que se o mundo psíquico estiver organizado, longe das incertezas, da falta de garantias e das indefinições, estarão longe das angústias.
Antes de chegar a UTI do Pânico, provavelmente, essas pessoas já sofreram com outros monstros, relacionados ao desamparo, tais como: medos de abandonos, de perda de vínculos, baixa tolerância à frustração, dependência; etc. Monstros esses, que foram crescendo em direção ao caminho deste transtorno.
Em um tratamento analítico, o paciente poderá aprender a lidar com esses sentimentos de outra forma. O objetivo da análise é a retomada do curso do desenvolvimento emocional, e não o tratamento dos sintomas.
A mente primitiva perde a capacidade de pensar e representar as sensações emocionais, levando à descarga da ansiedade em sintomas físicos, que apenas “gritam” a necessidade de cuidado, e o desamparo.
O trabalho se volta para, através do vínculo verdadeiramente empático, vivo e afetivo, encontrar significados, tornando possível ao analisando, encontrar formas mais criativas para viver sua sensibilidade e expressar seus sentimentos
Neste ponto, o tratamento deverá contar com a ajuda de um psiquiatra, que entrará com o medicamento, para alívio dos sintomas. Medicamentos estes, que serão por ele retirado aos poucos, à medida que o quadro vá se transformando.
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
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