Sobre a "Cura" Gay

Ou sobre curar pessoas preconceituosas

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Sobre a "Cura" Gay

Com relação à tão polêmica patologização da homossexualidade, quem vem sendo vulgarmente chamada de “cura gay”, vou apenas transcrever uma carta que Freud escreveu à mãe de um adolescente homossexual, em 1936:

 “Prezada Senhora,

Deduzo de sua carta que seu filho é homossexual. Estou especialmente impressionado com o fato da senhora não ter mencionado este termo no seu relato sobre seu filho. Posso perguntar-lhe por que o evitou? A homossexualidade seguramente não é uma vantagem... mas não é nada vergonhoso, não é um vício, não é uma degradação, não pode ser classificada como uma doença; nós a consideramos uma variação da função sexual produzida por um certo bloqueio no desenvolvimento sexual.

Muitos indivíduos altamente respeitáveis na antiguidade e também nos dias de hoje, foram homossexuais, muitos homens notáveis de sua época (Platão, Michelangelo, Leonardo da Vinci). É uma grande injustiça e crueldade a perseguição da homossexualidade como um crime. Se você não acredita em mim, leia os livros de Hamelock Ellis. Ao perguntar-me se eu poderia ajudar, suponho que você quer saber se eu posso abolir a homossexualidade e colocar a heterossexualidade normal em seu lugar. A resposta é que, de uma maneira geral, não podemos prometer conseguir isto.

Em certos casos temos sucesso em desenvolver as incipientes tendências homossexuais que estão presentes em todos os homossexuais, mas na maior parte dos casos isto não é mais possível. Depende das características e idade do indivíduo. O resultado do tratamento não pode ser previsto.

O que a análise pode fazer por seu filho segue em outra direção. Se ele é infeliz, neurótico, torturado por conflitos, inibido em sua vida social, a análise pode lhe trazer harmonia, paz de espírito, completo desenvolvimento de suas potencialidades, continue ou não homossexual.

Se você decidir que ele deve fazer análise comigo – e eu não espero que isso aconteça-- ele deverá vir a Viena. Não tenho intenção de mudar-me. De qualquer forma, não deixe de me responder,

Sinceramente,

Desejo-lhe boa sorte,

Freud  "

 

Hoje, em pleno 2023, penso que seja mais importante tratarmos o preconceito, este sim é doença grave.

 

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

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