O amor que foi

Uma reflexão sobre os relacionamentos, seus conflitos e a separação.

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O amor que foi

Neste mundo de hoje em dia, onde a falta de paciência predomina, as soluções que exigem menos esforços são as mais utilizadas. Por isso vemos um grande número de casais separados.

Não tenho nada contra a separação e penso que em alguns casos esta seja a única solução possível. Mas há casos nos quais falta diálogo, tentativa de compreender o outro, aprender a conviver com as diferenças que podem ser muito enriquecedoras.

Em outros tempos, nos quais a separação tinha um peso muito grande, os casais conseguiam enfrentar as crises, passar por elas juntos e saírem delas com o relacionamento mais fortalecido.

Talvez para um bom relacionamento seja preciso menos ilusões de “contos de fadas” e uma dose maior de realismo.

Explico! Vamos juntos pensar os relacionamentos em geral.   

Desde que nascem as crianças ouvem estórias de relacionamentos perfeitos, princesas e príncipes encantados que chegam em lindos cavalos brancos, encontram-se, apaixonam-se, casam-se, tem filhinhos e vivem “felizes para sempre”.

Os lindos contos esquecem-se de nos dizer que antes de se encontrarem príncipe e princesa viviam em mundos totalmente diferentes, com passado, educação, cultura, pensamentos, desejos, sonhos diferentes...

Alguns sonhos são comuns: o encontro do Amor, a necessidade de completude, a necessidade de alguém que nos traga estórias de outros mundos, que acabe com toda Falta, todo Vazio, toda Ausência, toda nostalgia... que supra os desejos... que afaste as saudades... que traga o pedaço que lhe falta...

Enfim pensam que felicidade é isto, um encontro mágico e encantado !!!! 

Então se casam e vão viver juntos achando que “nunca existiu um amor igual ao seu”.

Se esquecem de que a vida real é cheia de dificuldades no dia-a-dia. E nas horas difíceis aparecem problemas e divergências (pensam de formas opostas).

Cadê a princesa que ele pegava sempre linda, arrumada e perfumada à porta de sua casa?  E cadê o príncipe que não mostrava suas manias?

Se não conversarem plenamente sobre tudo o que sentem a relação começa a azedar.

De repente engravidam. Que lindo!!!! Mil fantasias aparecem novamente... Pensam que todos os problemas serão superados agora. Pensam no nome, no quarto, no enxoval, padrinhos... mil planos!!!!! 

Só se esquecem de pensar no mais importante e complicado: a educação da criança. E as necessidades do bebê não esperam que os pais resolvam um empasse para só então criar outro. O que fazer? Pior que tudo é você descobrir no meio da confusão que sua “alma gêmea” pensa exatamente o oposto de você. E conversarem e estarem a sós se torna uma tarefa difícil, já que o bebê exige cuidados o tempo todo.

A maneira mais fácil de resolver é desistir de tudo, é a separação. O caminho mais difícil e, talvez por isso, mais gratificante e recompensador é tentar enfrentar a crise juntos, formando uma parceria.

Se não houver muito diálogo, cumplicidade, parceria, companheirismo o tempo passa, a felicidade acaba e no peito vai crescendo uma dor... uma saudade mansa... tristeza...prisão... O príncipe se transforma em um estranho para sua princesa, e vice-versa.

As faces se transtornam, ficam sinistras!!!! A cara-metade que era tão linda fica feia.

Segundo Rubem Alves, “nós amamos as pessoas por aquilo de belo que elas fazem nascer em nós. Como se fossem espelhos. Se nos vemos belos naqueles olhos que nos contemplam, nós as amamos. Mas se nos vemos feios, as odiamos”.

“E é por isso que as pessoas se separam, por mais que isto a dilacere, para ficarem bonitas de novo e voltar aos mares e florestas perdidos... Cada separação é uma busca de um amor que se perdeu: em cada partida, um desejo de re-encontro.”

“Quanto à criança... ela era mar, era floresta, e podia sentir-se em casa onde quer que estivesse”.

COMPANHIA DO DIVÃ - Bia Melara

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