NO NATAL, UM CONTO SOBRE ACREDITAR
Quando o Natal acontece por dentro.
Há um tempo do ano em que as pessoas caminham um pouco mais devagar. Os olhares se demoram, os abraços acontecem com menos pressa, e até quem anda duro pela vida parece se permitir alguma doçura.
As ruas se enfeitam. As casas se iluminam. As roupas ficam mais claras, mais brilhantes, mais festivas – como se o corpo também quisesse participar do que o coração anda tentando lembrar.
É Natal!
Ninguém sabe explicar direito o que acontece, mas acontece. As pessoas ficam mais generosas. Mais caridosas. Mais abertas. Há um desejo quase infantil, de fazer o bem, de surpreender, de cuidar, de oferecer algo – nem sempre material, às vezes apenas um gesto, um olhar, uma presença.
Talvez seja por isso que inventaram o Papai Noel. Ou talvez ele nunca tenha sido invenção.
Papai Noel, para mim, sempre foi uma forma doce de algo maior. Uma maneira simbólica de contar, principalmente às crianças, que o amor desce à Terra. Que o cuidado se materializa. Que a esperança ganha corpo.
Alguns o veem como o Jesus encarnado. Outros chamam de espírito natalino. Eu gosto de pensar que é o mesmo mistério, contado em línguas diferentes, para que cada coração compreenda à sua maneira.
O fato é que, todo ano sou presenteada, algo acontece. Sempre perto do Natal, a vida me surpreende com alguma delicadeza inesperada. Uma notícia boa. Um encontro improvável. Um dinheiro que chega quando não se esperava. Um alívio. Um recomeço... Minha filha, por ex. foi concebida no Natal. Como não ver poesia nisso?
Ontem mesmo, mais uma dessas surpresas bateu à minha porta. E eu sorri sozinha, quase infantilmente, pensando: -- Lá vem ele de novo!
Talvez acreditar em Papai Noel seja apenas isso: permitir-se ler a vida com menos cinismo. Aceitar que há tempos em que o mundo fica mais macio. Reconhecer que, quando o amor circula mais livremente, algo sempre chega. Pode ser um presente. Pode ser uma resposta. Pode ser um sinal silencioso de que não estamos tão sós quanto imaginávamos.
No Natal, o invisível parece ganhar licença para se mostrar. E quem mantém o coração aberto percebe.
Por isso, quando me perguntam se eu ainda acredito em Papai Noel, eu sorrio. Olho para a minha história, para os Natais que me atravessaram, para as graças que sempre chegam nessa época do ano... e só consigo pensar:
Como eu poderia não acreditar em Papai Noel?
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
Que sensações teve com o artigo?
Selecione as emoções que experimentou com este artigo
Reações dos demais leitores:
Conte-nos mais! Comente no final desta página.
Olá, deixe seu comentário para NO NATAL, UM CONTO SOBRE ACREDITAR