Metamorfose

As transformações fazem parte de nossa vida, de nosso crescimento, de nossa evolução... e até de nossa morte.

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“Nada se perde ou se cria. Tudo se transforma”.

Todos nós ouvimos essa frase desde a época do colégio!!!! Mas será que realmente aprendemos ou entendemos????

Faço essa pergunta por perceber a dificuldade que a maioria das pessoas tem para lidar com as transformações.

Somos mutantes!!! Tudo começa com um ato de prazer. A princípio simples sementinhas que se encontram, e a mágica começa a acontecer.

A partir daí se iniciam as transformações que ocorrem todos os dias de nossa vida e de nossa morte. E a cada dia que passa nos modificamos. Não somos mais, hoje, o que éramos ontem. Todos os dias aprendemos algo novo. Algo em nosso corpo, em nossa cabeça, em nosso coração, em nossa alma sempre está mudando, nascendo e morrendo.

Uma semente, um bebê protegido dentro da barriga, um bebê indefeso que nasce, uma criança, um adolescente, um adulto, um idoso...

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante,

do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo...

Sobre o que é o amor...

Sobre o que eu nem sei quem sou...

Se hoje eu sou estrela... amanhã já se apagou...

Se hoje eu te odeio... amanhã lhe tenho amor...” (Raul Seixas).

O mundo no qual vivemos também é mutante. Tudo está se modificando o tempo todo.

As plantas-sementes, depois plantas-brotos, e por fim plantas-árvores imensas... Já se as sementes não são plantadas ficam sementes para sempre, não servem para mais nada...

As flores-botão, depois flores-abertas lindas, flores-murchas, flores-mortas...

Os insetos... entre eles o de metamorfose mais impressionante é a borboleta que antes era uma horrível e nojenta lagarta, mas após todos os processos de transformação se torna um ser alado, colorido, de gestos doces e leves, e com um fantástico poder de polinização.

Muitos matam as lagartas pela falta de capacidade de lembrar do mundo mágico, perfeito, e das transformações que estão por vir. Esquecem-se de que ela jamais poderia ser borboleta sem antes ser lagarta e que jamais poderia voar antes de rastejar...

Na culinária... quantas transformações podemos conseguir... misturas de ingredientes e sabores... Uma das transformações mais interessantes é a da pipoca (como bem lembrou Rubem Alves): um milho pequeno e duro que em um estouro se transforma em uma flor branca, grande e macia.

Quando era criança o estouro da pipoca era uma festa com ritual e tudo!!!! Era preciso ficar batendo, em círculos, na tampa da panela, com uma colher e cantando: “Estoura pipoca, Maria Pororoca”... Uma mágica ensinada por minha avó Francisca para que não restasse nenhum piruá.

Piruá é o milho que se negou à transformação, resolveu insistir em ficar do mesmo jeito e acabou queimado, duro e sem utilidade... Destino: o lixo!!!!

Muitas pessoas também são assim: um medo da mudança!!!! um medo de crescer!!! Ou querem a segurança de ser o já conhecido, ou realmente acreditam já ser o melhor que poderiam...

Essas pessoas que não aceitam e não lutam por suas mudanças também ficam duras, frias, fechadas, com a vida sem sentido.

Pensei em uma frase de Fernando Pessoa:

“Não compreendo senão como uma espécie de falta de asseio esta inerte permanência em que jazo da minha mesma e igual vida, ficada como pó ou porcaria na superfície de nunca mudar.”

Para deixarmos nascerem às coisas lindas que temos dentro de nós, para descobrirmos nossas potencialidades, é preciso que abandonemos as velhas condições. É preciso coragem para olhar para dentro de você e deixar as transformações acontecerem.

A psicanálise é o alimento para esse processo.

Transforme os monstros que existem dentro de você em força e coragem.

Transforme os barulhos interiores em músicas.

Transforme os pesadelos em sonhos.

Adquira a leveza da borboleta e voe pela vida!!!!!

Que tal tentar?

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara