Loucura

Você tem medo da loucura? Pois saiba que “de cego e louco todo mundo tem um pouco”.

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Loucura

Noto, com muita graça, o quanto as pessoas têm medo (até certo pavor!!!!) da loucura.

Vivem criando regras rígidas para si mesmos como garantia de estar protegendo-se da tão temida loucura.

Escravos de uma ilusão chamada sanidade mental.

Buscam o convencional, o costumeiro, o esperado...

Querem o comedido, o bem comportado...

Lutam pelo mais correto, o que é modelo, o que agrada...

Sinto informar que é impossível...

Não dá para fugir...

A loucura faz e sempre fará parte da vida.

Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.

Portanto, a loucura está dentro de cada um de nós.

Podemos nos envergonhar, trancá-la em um quarto escuro, podemos acorrentá-la, tentar escondê-la em uma casa para loucos, ter esperanças de separá-la do mundo “normal”.

Ou podemos direcioná-la, aprender a conviver com ela, compreende-la, aceitá-la...

Aprender a certeza, a teimosia da loucura...

Acreditar e lutar como o louco que nos habita.

Utilizar toda a coragem que a sanidade nos proíbe...

Lutar pelos sonhos maiores, mais secretos, com toda insanidade... até o fim... acreditando nas mais loucas possibilidades....

Descobrindo, no final, que não passavam de possibilidades reais, mas apenas para aqueles que foram loucos o suficiente para acreditar!!!!

Eu, particularmente, prefiro os loucos...

Loucos o bastante...

Loucos para viver...

Loucos para amar...

Loucos para acertar...

Loucos o suficiente...

Loucos por aprender...

Loucos para conseguir...

Loucos pela felicidade...

Loucos para dançar... cantar...

Loucos...

Loucos para poder viver neste mundo da razão...

Loucos para suportar toda a lógica deste mundo!!!

 

Acho que Manoel Bandeira já pensava assim...

E penso que ele falou sobre isso, lindamente, no poema que segue:


Poética

Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo

Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis

Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja fora de si mesmo.

De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante exemplar
com cem modelos de cartas e as diferentes maneiras de
agradar às mulheres, etc.

Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbados
O lirismo difícil e pungente dos bêbados
O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.~

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara

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