INDIFERENÇA - A CEGUEIRA DO MUNDO

Frente ao sentimento de impotência muitas pessoas tem preferido cegar diante dos fatos. Mas será que realmente não podemos fazer nada?

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“Todos os dias a Matéria me maltrata. A minha sensibilidade é uma chama ao vento. Passo por uma rua e estou vendo na face dos transeuntes, não a expressão que eles realmente têm, mas a expressão que teriam para comigo se soubessem a minha vida, e como eu sou, se eu trouxesse transparente nos meus gestos e no meu rosto a ridícula e tímida anormalidade da minha alma. Em olhos que não me olham, suspeito...” (Fernando Pessoa)

Fico perplexa com a cegueira presente no mundo atual.

Começando pelos espaços cotidianos: As pessoas não mais se olham, não se veem, não se cumprimentam não se sentem, não se ajudam... e pior de tudo não se sensibilizam.

Uma criança maltrapilha e com fome, por exemplo, ficou banalizada. Nada diz, a não ser pelo incomodo de nos interromper com seus pedidos.

Se vemos alguém sendo assaltado, fingimos nada ver. E apenas 50% das ocorrências, seja por roubo ou violência, são registradas.

Medo ou indiferença? Não importa, para conseguir fingir tem de haver banalização.

As coisas da cidade, do estado, do país, do mundo não tem nada a ver conosco. Não nos importa o que fazem os vereadores, ministros, presidente. Já que está para fora de nossa porta, não é conosco.

A impunidade faz parte de nossa rotina, de nossa cegueira. As pessoas achando que o correto é tirar vantagem em tudo, as leis de trânsito que não são cumpridas, nossa Justiça tão demorada (quando é feita!!!), adolescentes (crianças e adultos também) agressivos, “guardadores de carro” que privatizam nossas ruas, a falta de atendimento nos ambulatórios de saúde, o descaso com a educação...

Todos os dias a corrupção esta nas manchetes dos jornais. E vemos a impunidade reforçando estas atitudes quando esses políticos são reeleitos ou tem vitória na justiça.

As preocupações com o planeta: aquecimento, guerras, catástrofes..., é tudo tão distante.

Não sei se é desprezo pelo outro, ou puro egoísmo. Mas sei que o ser humano tem se comportado como o câncer do planeta. Vai comendo, destruindo, passando por cima de tudo... “impávido colosso”!!!

Eu sei que é difícil consertar o mundo de uma hora para outra, ainda mais levando-se em conta o caos aonde chegamos.

Mas podemos começar pelas pequenas e simples coisas. Comecemos pelo respeito ao próximo. Esqueçamos as vantagens.

Comecemos por um sorriso, um bom dia às pessoas que encontrarmos pela manhã.

Comecemos tendo carinho e atenção para com os nossos semelhantes, irmãos, familiares, amigos...

Comecemos tendo carinho e respeito com nós mesmos...

Parece pouco, mas isso já diminui nossa cegueira, muda nossa maneira de olhar o mundo e as pessoas. Ajuda nossos corações a se tornarem menos cabeludos.

Vamos agir como anticorpos contra essa epidemia?

COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara