Com que frequência devo pensar em mim?

Só você será capaz de cuidar de si. Portanto este tempo deve ser importante e prioritário. Quanto tempo dedica aos que ama? Pois é... quanto você se ama?

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Uma das dúvidas mais freqüentes é com relação ao número de sessões que uma psicoterapia deve ter.

Vamos levantar alguns pontos e pensar juntos:

Levando-se em conta toda a falta de recursos para chegarmos à alma de uma pessoa (não possuímos os exames que a medicina possui).

É muito difícil conhecer a si mesmo... Às vezes fazemos coisas que não queríamos fazer... Existem forças internas maiores do que nós!!!

É dificílimo conhecer as pessoas de nossa convivência... Convivemos diariamente com pessoas que nos surpreendem com suas atitudes, nos fazendo pensar que não as conhecíamos verdadeiramente.

Não conhecemos realmente nem nossos filhos, pais, conjugue, amigos, sócios... ou parceiros de qualquer espécie.

O tempo transcorrido para chegarmos ao hoje, com todas as vivências, traumas e aprendizagens deixa marcas que não são fáceis de apagar... No dia-a-dia criamos vícios que passam despercebidos por nós mesmos.

Aprendemos comportamentos e muitas vezes agimos no automático.

Muitas pessoas vão pela maioria sem questionarem se aquela é a sua verdade.

Algumas pessoas tem a autoestima lá em baixo, o que faz com que tenham a tendência a se esconderem.

Existem verdades que temos dificuldade para ver.

Temos a tendência a fugir das dores... por mais que sejam verdades!!!!

Precisamos de contato constante para criar vínculos... E a psicoterapia nada mais é do que um vinculo!!! Na psicoterapia damos as mãos a alguém que caminha e pensa junto conosco.

Seres humanos precisam de tempo e contato positivo para aprender a confiar em seus vínculos.

Na psicoterapia muitas vezes mechemos em feridas, sem anestesia... precisamos ter tempo para mexer com calma e cuidado... e um acompanhamento de perto para

ninguém sair por aí com feridas abertas... precisamos fazer curativos freqüentes nos machucados da alma, caso contrário podem infeccionar...

A psicoterapia, a meu ver, é um nascer de novo... E como tal pode ter um ser fragilizado, desprotegido, precisando de cuidados, e outro que está ali para entender as necessidades o tempo todo... Jamais ficamos distantes de nossos filhos recém nascidos.

Na psicoterapia reaprendemos a pensar, a dedicar tempo a nós mesmos... costumo dizer que é um “treino” para reaprendermos a pensar em nossa própria vida... Com a correria do dia-a-dia este habito se perdeu, trazendo com isso vazios, doenças e insatisfações que a psicanálise pode ajudar a preencher.

Só conversando e pensando constantemente conseguimos mudar as coisas que desejamos...

Só conversando e pensando muito constantemente podemos adquirir forças para sermos do jeito que somos... sem mudar para agradar a ninguém...

Só conversando e pensando com muita freqüência podemos descobrir que não temos tanto defeitos, mas apenas características mal direcionadas.

É um trabalho árduo!!! Uma luta diária...

Há necessidade de repetir tantas vezes quanto necessárias, o contrário do que a vida tem insistido em impor.

É uma batalha... que só poderá ser vencida com a participação de duas pessoas... você e o seu analista...ele precisa fazer parte de sua vida...

Não somos todos os dias, e nem todas as horas, do mesmo jeito. Quanto mais nos encontrarmos com nosso analista mais estamos lhe dando material de trabalho... condições de nos entender...

Há 32 anos estudo e trabalho com psicologia e descobri que seria muito prepotente se afirmasse ser capaz de conhecer e ajudar alguém se esta pessoa não me der às mãos... se não usarmos intensamente os únicos recursos que temos: eu, você, nossa parceria, nossa capacidade de pensar, de falar, e nossa coragem de enxergar e comunicar...

Só usando tudo o que temos podemos vencer!!!

Diante de tudo isso, e muitos outros motivos que nem foram citados, chega-se a conclusão que é preciso você e seu analista estarem realmente juntos.

Se quiser fazer uma boa psicoterapia de base psicanalítica recomendo dois encontros semanais.

Se quiser fazer um trabalho de psicanálise, propriamente dita, o número de encontros serão três ou quatro sessões semanais.

E tenho certeza que quanto mais você se gostar, mais se apaixonar por si, mais se der bem consigo mesmo, maior será o prazer e a necessidade de encontrar-se consigo com freqüência e dedicação... uma dedicação que, quem sabe, até agora esteve dando aos outros e negando a si mesmo.

Você confiaria, aceitaria namorar, ou estabelecer um relacionamento sério com alguém que só pudesse encontrar-se com você uma vez por semana, durante 50 minutos? Eu não!!!!!

Pense em você... dedique-se a você o máximo que puder!!!

Comece parando de dizer que não tem tempo para cuidar de você...

Descubra o quanto antes que você é a verdadeira e maior prioridade.

COMPANHIA NO DIVÃ/Bia Melara