A Gente se Acostuma... Mas Não Devia!
Se você se acostuma, perde o pasmo...perde o encantamento.
Sabe por que é tão gostoso olhar para as crianças?
É porque elas têm o olhar vivo... Elas veem as coisas com pasmo, com encantamento...
É porque elas ainda não foram contaminadas, nem pela rotina que cega, e nem pela rigidez dos que sabem o que é certo...
É porque elas são naturais e espontâneas...
É porque elas sabem gargalhar por nada...
É porque elas sabem deliciar da vida, tudo o que a vida tem para oferecer...
É porque elas nem piscam diante do novo.
Mas aí... Aí o tempo vai passando...
Vamos crescendo...
As novidades vão acabando...
Os adultos vão ensinando tudo o que é certo... e as convencendo sobre as coisas mais importantes, para as quais realmente se deve olhar...
Os tão sábios adultos vão colocando freios e cabrestos.
Até que um dia perde-se a sensibilidade, perde-se a visão, perde-se até o coração...
Então, nos deparamos com novos adultos, tão espertos quanto, tão egoístas quanto, tão ensimesmados quanto, tão cegos quanto...
Vivemos hoje em um mundo onde a sensibilidade, o amor, o sentimentalismo são tolices.
Um mundo cheio de adultos acostumados..
Um mundo onde o sofrimento é tão comum que já se tornou transparente...
Um mundo tão lindo em seus detalhes, mas que não é percebido...
Com o costume a sensibilidade fica velada.
Olhamos sem ver.
É preciso aprender com as crianças...
É preciso voltar a olhar para o mundo com olhos novos...
Não podemos deixar que nosso olhar veja o mundo de forma banalizada.
E o pior: se desaprendemos a olhar para o mundo externo, também desaprendemos a olhar para as riquezas do mundo interno...
E se desaprendemos a olhar para nós mesmos, para os nossos significados, não há possibilidade de felicidade.
Para terminar um trecho de Marina Colasanti, que agradeço a você Cristiane, por ter me mostrado.
“Eu sei, mas não devia.
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão...”
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
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