Carta Ao Meu Lado Sabotador
O cárcere invisível das oportunidades perdidas
Agora eu te vejo!
Por muito tempo, você operou nas sombras, se misturando aos meus medos, à minha ansiedade, aos ecos das vozes que um dia duvidaram de mim. Mas finalmente, eu te reconheço. Sei o seu nome. Sei o seu jogo.
Você é aquele que sussurra quando estou prestes a ousar, quando uma nova possibilidade brilha à minha frente. Você me lembra de todas as vezes em que algo deu errado, pinta o futuro com as cores do fracasso e me convence a dar um passo para trás, a não tentar, a não acreditar. Você se disfarça de prudência, de proteção, de voz da razão, mas eu já aprendi a te desmascarar.
Sei que sua existência tem raízes. Sei que você nasceu em algum momento para me proteger da dor de falhar, da frustração de errar. Sei que você não apareceu do nada, que tem histórias para contar sobre as vezes em que cai e precisei me reerguer. Mas sei também que sua proteção me custa muito caro: custa os sonhos adiados, as palavras não ditas, as portas que nunca abri.
Quantas vezes você me fez desistir antes mesmo de começar? Quantas oportunidades passaram porque a sua voz parecia mais alta do que a minha própria? Você me convenceu de que eu não era suficiente, que era inadequada, que era melhor ficar onde eu estava, que arriscar significava perder. Você me tornou uma especialista em autopreservação, mas à custa de minha própria liberdade.
O que você nunca me contou é que a vida acontece apesar do medo. Que tentar e falhar ainda é melhor do que nunca se permitir. Que a segurança que você me oferece é uma prisão disfarçada de conforto. E que, no fim das contas, quem mais me machucou ao longo do tempo não foram os fracassos – mas foi você.
Hoje eu escrevo para te comunicar que não quero e não vou ser mais sua marionete. Você pode até continuar por aqui – sei que você não desaparecera tão facilmente assim. Mas, a partir de agora, eu mudo as regras. Quando você sussurrar, eu vou te ouvir, mas não vou mais obedecer cegamente. Quando você tentar me paralisar, eu vou te desafiar. E, principalmente, quando você me fizer duvidar de mim, eu vou lembrar que já venci você antes.
Eu te reconheço, eu te compreendo, mas eu não sou você.
Atenciosamente,
Eu.
COMPANHIA NO DIVÃ - Bia Melara
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